julio

já faz uns dias que você chegou, julio.
e eu fiquei meio impressionada ("mas já?"), meio surpresa ("mas que demora!").
na verdade, eu nem sabia que podia te chamar de julio até semana passada.

mas pra ser sincera, acho que você me assusta um pouco, julio.
porque você aparece assim, de repente, e eu nunca me sinto preparada pra te receber.
e você é furacão, amigo: depois que você chega, o tempo parece que voa.



não reclamo gratuitamente.
na verdade, nem reclamo.
eu gosto de você, de verdade.

a gente já passou por umas coisas bem legais, né?
a viagem mais inesquecível da minha vida começou com você, assim, de repente.
você chegou e eu fui: furacão, né? eu disse.

mas meu querido julio, será que dessa vez podemos ir com calma?
eu realmente quero aproveitar meu tempo com você.
e respirar. e não me cobrar. e conseguir pensar.

porque tudo que eu tenho feito ultimamente é pensar.
não de um jeito "ruim", mas de um jeito que me faz perceber coisas em mim que eu não sei bem se queria perceber. 
sabe como é. às vezes a gente quer manter uma ideia de que a gente é melhor do que é.

e aí você me aparece, julio.
como quem diz: "oi, o tempo tá passando!"
e eu só posso dizer: "eu sei. eu sei..."

porque eu sei, julio, que tem dias e semanas que eu acordo, mas não levanto porque acho que tá muito frio fora da minha cama.
e passo 2 horas ali, consciente, deitada, e me cobrando.
porque às vezes não é o frio da temperatura que eu me refiro. é o frio do mundo mesmo.

julio, você consegue entender isso? eu penso demais às vezes, mas levanto.
sempre.
sempre.
e sempre.

você é um exemplo disso. nos últimos 3 anos você tem me surpreendido.
quero dizer... sei que não é você de verdade que tem feito isso, mas Alguém que cuida de mim apesar de mim.
é o mesmo Alguém que me diz que tudo bem o frio: aqui dentro é quente.

mas julio, vamos ter calma, ok?
eu sei que às vezes me perco aqui na minha cabeça e nem aproveito sua companhia.
mas eu tô tentando.

tô mesmo, julio.
tô mesmo.


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